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Argentina: milhares protestam contra o fechamento de escolas
18/04/2021 19:48 em Notícias do Mundo

Milhares de argentinos foram às ruas de Buenos Aires neste sábado, 17, para protestar contra o anúncio do presidente Alberto Fernández de suspender as aulas presenciais e proibir a circulação das 20 às 6 horas na região metropolitana da capital. A maioria dos participantes era de mães e professoras, acompanhadas pelos filhos.

Foi o terceiro protesto contra o fechamento das escolas e houve confrontos com a polícia após às 20 horas, quando tem início o toque de recolher noturno. Os manifestantes se concentraram em pontos emblemáticos como em frente à Casa Rosada e diante da residência presidencial de Olivos.

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O objetivo do ato é pressionar o presidente argentino, Alberto Fernández, a revisar o decreto que impõe, até pelo menos 30 de abril, o fechamento de escolas. Os manifestantes exigem que as escolas sejam reabertas a partir desta segunda-feira, 19.

Segundo reportagem da Rádio França Internacional, na cidade de Buenos Aires, no primeiro mês de aula de 2021, apenas 0,17% de professores e alunos foram infectados. Entre 17 de março e 12 de abril, os casos registraram um leve aumento: 0,71%. A maioria dos contágios aconteceu fora das escolas.

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O próprio Ministério da Educação da Argentina avaliou que em 5.926 estabelecimentos de ensino, apenas 0,16% dos alunos e 1,03% dos professores foram contaminados.

Fernández prometeu que não vai ceder e declarou que “a decisão está tomada e não será alterada”. Ele alegou que “o problema não é dentro do colégio, mas na circulação que as aulas provocam”. No entanto, o Ministério da Educação indicou que 50% das crianças vão a pé às escolas, 20% de carro e 30% utilizam o transporte público.

Depoimento de uma professora

“Estamos aqui para gritar, para mostrar que o povo é soberano e que não aceita ser atropelado nos seus direitos” , disse a professora do ensino fundamental, Claudia Rucci, à RFI. “E o primeiro desses direitos é a educação. Queremos que as autoridades nos escutem”.

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“Sabemos como foi no ano passado e sabemos como isto continua”, afirmou Claudia. “Os 14 dias previstos para a medida logo se tornarão meses. Essa falta de aulas presenciais afeta a aprendizagem das crianças, que perdem o conteúdo e o vínculo social, comprometendo a saúde integral deles”.

Mais longo lockdown do mundo

No ano passado, a Argentina realizou o mais longo lockdown do mundo, com 233 dias de um isolamento que fechou as escolas em todo o país. Foi um ano letivo perdido. Desde sexta-feira 16, passaram a valer novas medidas de restrição que incluem um toque de recolher a partir das 20 horas.

Protesto contra lockdown na Argentina. Foto: reprodução internet

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“O presidente prometeu vacinas, prometeu testes, prometeu que as escolas não seriam fechadas porque não contagiam. Não cumpriu com nada do que prometeu. Na boca de um mentiroso, mesmo o certo fica duvidoso”, disse à RFI Marcela Ojeda, de 48, anos, erguendo o cartaz “Pais organizados: não fechem as escolas”.

“Se não sairmos às ruas para defender as aulas agora, vão pensar que estamos de acordo”, prevê Ojeda. “Então, os 14 dias serão facilmente prolongados”.

Fonte: revistaoeste.com

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