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Ernesto Araújo pede demissão do Ministério das Relações Exteriores
29/03/2021 21:12 em Notícias do Brasil

Ernesto Araújo não é mais o ministro das Relações Exteriores. Ele pediu demissão e anunciou a saída do cargo em reunião nesta segunda-feira, 29, com secretários e auxiliares da Pasta, informa O Globo. O pedido de demissão foi apresentado nesta tarde ao presidente Jair Bolsonaro.

Pressionado por lideranças do Centrão que exigiam sua demissão, Araújo havia cancelado todos os compromissos oficiais desta segunda-feira e convocado alguns dos auxiliares mais próximos para uma reunião.

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No domingo, 28, Araújo revelou o breve diálogo que teve com a senadora Kátia Abreu (PP-TO) em um almoço no Itamaraty no início do mês. “Conversa cortês. Pouco ou nada falou de vacinas. No final, à mesa, [ela] disse: ‘Ministro, se o senhor fizer um gesto em relação ao 5G, será o rei do Senado’. Não fiz gesto algum”, escreveu o ministro no Twitter. “Desconsiderei a sugestão inclusive porque o tema 5G depende do Ministério das Comunicações e do próprio presidente da República, a quem compete a decisão última na matéria.”

Em resposta, a senadora não economizou críticas ao chanceler, a quem chamou de “marginal”. “O Brasil não pode mais continuar tendo, perante o mundo, a face de um marginal. Alguém que insiste em viver à margem da boa diplomacia, à margem da verdade dos fatos, à margem do equilíbrio e à margem do respeito às instituições. Alguém que agride gratuitamente e desnecessariamente a Comissão de Relações Exteriores e o Senado Federal”, afirmou a parlamentar em nota divulgada à imprensa.

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Na semana passada, em entrevista ao programa Opinião no Ar, da RedeTV!, o deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo de Jair Bolsonaro na Câmara, disse que o incisivo pronunciamento do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), falando em “sinal amarelo” para o Executivo, foi praticamente um pedido para a substituição de Araújo. Segundo Barros, a atuação do chanceler à frente do Itamaraty no combate à pandemia de covid-19 é um grave problema que precisa ser enfrentado pelo presidente Jair Bolsonaro.

Trajetória

Gaúcho de Porto Alegre, Ernesto Araújo, de 54 anos, passou mais da metade de sua vida no Itamaraty. Formado pelo Instituto Rio Branco, trabalhou na entidade há 30 anos e conviveu com diplomatas na esfera institucional e social. Para ele, predomina no Brasil uma “leitura superficial” das tradições diplomáticas — a ideia de que o Brasil perderia ao se relacionar com certos países. Isso impediu a aproximação com Israel e Estados Unidos.

Em contrapartida, privilegiou-se o relacionamento com países árabes e a China. Antes de pedir demissão nesta segunda-feira, 29, Araújo revelou pressões por acenos dele ao 5G da China. Segundo o diplomata, a senadora Kátia Abreu (PP-TO) teria dito que, caso o então titular da pasta fizesse acenos à tecnologia chinesa, se tornaria “rei” da Casa.

Fonte: revistaoeste.com

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