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OMS vesrsus OMS: a organização desmente o que foi dito ontem
09/06/2020 18:05 em Ciência & Saúde

Testes com hidroxicloroquina podem ser realizados em pacientes com a covid-19. Estudos para analisar a eficácia da hidroxicloroquina contra o novo coronavírus precisam ser sumariamente interrompidos. Pesquisas baseadas em hidroxicloroquina como fórmulas no combate à pandemia devem ser retomadas. A transmissão do vírus chinês a partir de assintomáticos é “muito rara”. Pessoas assintomáticas estão contaminando outras na mesma proporção de quem apresenta os sintomas.

As afirmações colocadas acima parecem confusas — e são —, mas todas elas foram feitas por membros de uma mesma instituição. No caso, a entidade que deveria servir como autoridade máxima em todo o planeta na luta contra a pandemia do novo coronavírus: a Organização Mundial da Saúde (OMS). Tendo a missão de liderar ações contra a doença, a OMS tem ficado marcada por afirmar algo e, mais tarde, tomar decisão contrária ao que ela mesma disse. Essa questão voltou a ocorrer nesta terça-feira, 9.

Questão dos assintomáticos

Um dia após Maria Van Kerkhove, médica-chefe da entidade, declarar que seria “muito rara” a transmissão da covid-19 ocorrer por meio de pessoas que não apresentam sintomas da doença, as chamadas assintomáticas, outro integrante da OMS fez discurso em sentido totalmente oposto. Agora, o que foi dito ontem não é mais para ser levado em consideração. Entre outras palavras, é isso que aponta o diretor de emergências da organização, Michael Ryan. De acordo com ele, os assintomáticos estão sendo responsáveis por transmissão do novo coronavírus. Ele não soube garantir, contudo, o “quanto” essa proliferação está ocorrendo.

“Absolutamente convencidos”

“Estamos absolutamente convencidos de que a transmissão por casos assintomáticos está ocorrendo, a questão é saber quanto”, disse Ryan.

michael ryan - oms

Michael Ryan desautorizou declaração de colega da OMS | Foto: REPRODUÇÃO/ZOOM

Mudança de postura

Assim, Michael Ryan acabou por desautorizar sua colega de OMS. Conforme informou Oeste na noite de segunda-feira, 8, Maria Van Kerkhove havia afirmado de que a transmissão da covid-19 por assintomáticos era muito rara. Mais do que isso, ela indicou que autoridades deveriam mudar suas estratégias frente à pandemia. Dessa forma, seria preciso pensar em isolar somente pessoas que apresentam sintomas da doença.

Menos de 24 horas depois de suas próprias declarações, Van Kerkhove mudou de postura. Hoje, ela avaliou que a declaração anterior — e a repercussão entre veículos de comunicação de todo o mundo — não passou de um “mal entendido”.

“É um mal-entendido afirmar que uma transmissão assintomática globalmente é muito rara”

“Acho que é um mal-entendido afirmar que uma transmissão assintomática globalmente é muito rara, sendo que eu estava me referindo a um subconjunto de estudos”, disse a médica da ONU. Ela, contudo, ficou sem explicar quais seriam esses subconjuntos que a fizeram falar da “raridade” da propagação a partir de pessoas assintomáticas.

Por fim, ela sugeriu que governos parceiros da entidade podem ter feito com que ela se equivocasse no dia anterior. “Referi-me a alguns dados que ainda não foram publicados, e essas são as informações que recebemos de nossos Estados-Membros”, prosseguiu Van Kerkhove.

Rotina da OMS

A questão relacionada aos assintomáticos não é a única confusão provocada pela própria OMS em meio à pandemia do novo coronavírus. Anteriormente, a entidade já tinha tomado as seguintes deliberações:

  • Começo da pandemia — testes com hidroxicloroquina;
  • 25 de maio — suspensão dos testes com hidroxicloroquina;
  • 3 de junho — anúncio da retomada dos testes com hidroxicloroquina.

As mudanças de postura fizeram a OMS se tornar alvo de líderes mundiais. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump anunciou, por exemplo, o rompimento com a organização. Aqui no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro avisou que pode seguir o mesmo caminho do colega norte-americano. Além de ameaça, o chanceler Ernesto Araújo informou que o país irá propor investigação sobre a entidade.

Fonte: revistaoeste.com

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