Pelo menos três ônibus lotados de imigrantes foram deixados em frente à residência da vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, em Washington, DC, na noite de sábado, 24, véspera de Natal. A ação, que já aconteceu outras vezes, teria sido organizada por governos republicanos do sul, incluindo o Texas, segundo a imprensa norte-americana, como forma de protesto contra a falta de uma efetiva política de controle de imigração ilegal do governo de Joe Biden.

Segundo os relatos da imprensa, inicialmente, dois ônibus lotados estacionaram na frente da casa da Kamala. E pelo menos um terceiro veículo chegou posteriormente. Os imigrantes desses dois primeiros ônibus, segundo a CNN, foram levados para abrigos locais voluntários da Migrant Solidarity Mutual Aid Network, uma ONG que ajuda imigrantes em Washington.

Uma equipe da CNN acompanhou o desembarque dos imigrantes, alguns sem roupas apropriadas para o frio que fez na cidade – cerca de 7 graus negativos. Eles receberam cobertores e foram colocados em outro ônibus que ia para uma igreja local.

O jornalista Noah Gray, da CNN, relatou a chegada do segundo ônibus na casa da vice-presidente. “Outro ônibus acabou de chegar do lado de fora da residência da vice-presidente. Um homem me disse que viajou dois dias do Texas e veio do Equador. Ele disse que estava feliz por estar aqui. O ônibus inclui crianças e mulheres – movidos para outro ônibus por trabalhadores humanitários no solo depois de ficarem do lado de fora brevemente em 14 graus [dez graus negativos, na escala Celsius]”.

O jornalista Christian Flores, da TV 7News, afiliada da ABC, publicou um vídeo do terceiro ônibus de imigrantes que chegou à capital federal. Segundo ele, esses passageiros também foram levados a uma igreja por voluntários da mesma ONG.

À CNN, Amy Fischer, voluntária da Migrant Solidarity Mutual Aid Network, disse que tem recebido imigrantes que chegam de ônibus a Washington desde abril.

A vice-presidente não comentou a ação. Em duas publicações no Twitter, desde sábado, ela postou uma foto com o marido e gravou um vídeo com votos de Feliz Natal. 

A crise migratória nos EUA

Uma norma em vigor desde o governo de Donald Trump permite que agentes de fronteira dos EUA rejeitem imigrantes, incluindo aqueles que buscam asilo, de forma acelerada.

Os governadores republicanos da Flórida, do Texas e do Arizona já mandaram milhares de pessoas em situação irregular em ônibus e aviões para Nova Iorque, Chicago, Washington e Massachusetts, redutos democratas.

Em setembro, ao enviar ônibus de imigrantes para a casa de Kamala, o governador do Texas, Greg Abbott, a vice-presidente foi escolhida por Biden para líder com a imigração ilegal, mas nada fez, além de negar a existência do problema. “A administração Biden-Harris continua ignorando e negando a crise histórica em nossa fronteira sul, que colocou em perigo e sobrecarregou as comunidades do Texas por quase dois anos”, disse Abbott, em uma nota divulgada naquela época.

E continuou: “Nossa suposta Czar da Fronteira, a vice-presidente Kamala Harris, ainda não visitou a fronteira para ver em primeira mão o impacto das políticas de fronteira aberta que ela ajudou a implementar, chegando ao ponto de afirmar que a fronteira é ‘segura’.” Ele finalizou dizendo que o Estado manteria a prática de envio de imigrantes aos redutos democratas. “O Texas continuará enviando imigrantes para cidades-santuário como Washington, DC, até que o presidente Biden e o Czar da Fronteira Harris se apresentem e façam seu trabalho para proteger a fronteira.”

As autoridades dos EUA relataram que mais de 2 milhões de imigrantes ilegais tentaram cruzar a fronteira entre setembro de 2021 e setembro deste ano. As pessoas que tentam entrar ilegalmente provêm principalmente das ditaduras da Venezuela, Cuba e Nicarágua.

Fonte: revistaoeste.com